Entre um trabalho e outro, dou uma paradinha... só para respirar. Passo por aqui e imagino estar entre almofadas ou sentada no tapete. Leio, escuto música, relembro filmes e trilhas sonoras (eu adoro !!!). Penso até no que incomoda ou revolta...não fujo! Lembro das amizades presentes e distantes, dos momentos felizes, engraçados ou picantes. Sinto saudade. Reorganizo as idéias e aí dá para relaxar. De quando em quando penso no trabalho ou assuntos voltados à minha área de atuação, mas não é este o objetivo principal. Quando sobra tempo, deixo uma postagem sobre estes temas e quero muito agradar. Vem comigo ! Deixe um comentário ou mande um e-mail. Vou adorar !

terça-feira, 27 de julho de 2010

"Lei de Jante" - por "Paulo Coelho"

Há alguns meses, passei por uma situação bem difícil. A partir daí fiquei entre a cruz e a espada, ou seja, decidir entre tomar ou não uma providência. Meu parceiro, bem como, alguns amigos acreditavam que o melhor era deixar pra lá, pois iria dar trabalho, tomaria meu tempo ou poderia sofrer represálias etc. Lembro-me que naquele dia antes de dormir fiz uma oração. No dia seguinte, ainda angustiada com a dúvida, tive acesso a um periódico que trazia um trecho do livro 'Ser como um rio que flui', de Paulo Coelho. Lí e naquele exato momento, foi-me dada a resposta. Decidí pelo óbvio, tomar providência. Penso que pode ser útil para qualquer pessoa que tenha sangue correndo nas veias e não consegue se calar diante das injustiças. Lá vai o trecho:

"O que você acha da princesa Martha-Louise?
O jornalista norueguês me entrevistava à beira do lago de Genebra. Geralmente me recuso responder perguntas que fogem ao contexto do meu trabalho, mas neste caso sua curiosidade tinha um motivo: a princesa, no vestido que usara ao fazer 30 anos, mandara bordar o nome de várias pessoas que tinham sido importantes em sua vida – e entre estes nomes estava o meu (minha mulher achou a idéia tão boa que resolveu fazer a mesma coisa em seu aniversário de 50 anos, colocando o crédito “inspirado pela princesa da Noruega” em um dos cantos da sua roupa).
– Acho uma pessoa sensível, delicada, inteligente – respondi. – Tive oportunidade de conhecê-la em Oslo, quando me apresentou a seu marido, escritor como eu.
Parei um pouco, mas precisava ir adiante:
– E existe uma coisa que eu realmente não entendo: por que a imprensa norueguesa passou a atacar o trabalho literário do seu marido depois que ele se casou com a princesa? Antes as críticas eram positivas.
Não era propriamente uma pergunta, mas uma provocação, pois eu já imaginava a resposta: a crítica mudou porque as pessoas sentem inveja, o mais amargo dos sentimentos humanos.
O jornalista, entretanto, foi mais sofisticado do que isso:
– Porque ele transgrediu a Lei de Jante.
Evidente que eu jamais ouvira falar disso, e ele me explicou o que era. Continuando a viagem, percebi que em todos os países da Escandinávia é difícil encontrar alguém que não conheça esta lei. Embora ela já exista desde o inicio da civilização, foi enunciada oficialmente apenas em 1933 pelo escritor Aksel Sandemose na novela “Um refugiado ultrapassa seus limites”.
A triste constatação é que a Lei de Jante é uma regra aplicada em todos os países do mundo, embora os brasileiros digam “isso só acontece aqui”, ou os franceses afirmem “em nosso país, infelizmente é assim.” Como o leitor já deve estar irritado porque leu mais da metade da coluna sem saber exatamente do que se trata a Lei de Jante, vou tentar resumi-la aqui, com minhas próprias palavras:
“Você não vale nada, ninguém está interessado no que você pensa, a mediocridade e o anonimato são a melhor escolha. Se agir assim, você jamais terá grandes problemas em sua vida.”
A Lei de Jante enfoca, em seu contexto, o sentimento de ciúme e inveja que às vezes dá muita dor de cabeça a pessoas como Ari Behn, o marido da princesa Martha-Louise. Este é um dos seus aspectos negativos, mas existe algo muito mais perigoso.
É graças a ela que o mundo tem sido manipulado de todas as maneiras, por gente que não teme o comentário dos outros, e termina fazendo o mal que deseja. Acabamos de assistir uma guerra inútil no Iraque, que continua custando muitas vidas; vemos um grande abismo entre os países ricos e os países pobres, injustiça social por todos os lados, violência descontrolada, pessoas que são obrigadas a renunciar aos seus sonhos por causa de ataques injustos e covardes. Antes de iniciar a segunda guerra mundial, Hitler deu vários sinais de suas intenções, e o que o fez ir adiante foi saber que ninguém ousaria desafiá-lo por causa da Lei de Jante.
A mediocridade pode ser confortável, até que um dia a tragédia bate à porta, e então as pessoas se perguntam: “mas porque ninguém disse nada, quando todo mundo estava vendo que isso ia acontecer? ”
Simples: ninguém disse nada porque elas também não disseram nada.
Portanto, para evitar que as coisas fiquem cada vez piores, talvez fosse o momento de escrever a anti-lei de Jante:
“Você vale muito mais do que pensa. Seu trabalho e sua presença nesta Terra são importantes, mesmo que você não acredite. Claro que, pensando assim, você poderá ter muitos problemas por estar transgredindo a Lei de Jante – mas não se deixe intimidar por eles, continue vivendo sem medo, e irá vencer no final.”

Um comentário:

  1. Valdir Carleto28 julho, 2010

    Enquanto muitos orgulham-se por nada contestarem, outros só se sentem realizados quando fazem a diferença tomando atitudes das quais aqueles abdicaram. Mais vale arrepender-se das ações, do que se arrepender pelas omissões.

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